DIVÃ

Cara a cara com minha cara,
Não sou eu, nem sou o outro,
Mas qualquer coisa de intermédio
De mim para o outro.


Dentro, em mim,
Subdivido arquivos,
Desorganizo gavetas,
Esparramo papéis,
Desfolho guardanapos
E arrumo um exfuturo.

Palavras nos discursos da memória,
Presas da vontade de liberdade,
Movimentam o ventre do desejo.

Organizam o monumento da vida
Que desce do carro andando,
Pára com os pés fincados no chão
E resolve-se em espiral.

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